MEU PAI, THE FATHER, FLORIAN ZELLER, 2020.


Anthony de 81 anos vive em um apartamento sozinho e sua filha, Anne, revela o desejo de se mudar para Paris mas há um impedimento, Anthony apresenta uma perda gradativa de memória e senso de realidade fazendo com que Anne procure uma cuidadora porém Anthony se recusa por não aceitar sua condição mental.
Escrito e dirigido pelo estreante Florian Zeller, MEU PAI é uma adaptação da peça do próprio Zeller e aqui na sua estreia no cinema da uma aula de como adaptar uma peça sem parecer artificial e de quebra nos faz entender um pouco melhor sobre a doença degenerativa do personagem.
Em 2020 destacam-se dois filmes que são peças filmadas A VOZ SUPREMA DO BLUES e MALCOM E MARIE.
Enquanto o primeiro é sim, uma peça o segundo emula uma peça mas ambos tem algo em comum: a artificialidade de composição de cena e alguns diálogos que são claramente declamados como em uma peça.
Isso não tira o valor das obras, mas no quesito 'experiência fílmica', pecam.
Zeller opta por uma adaptação racional ele escolhe monólogos e cenas com câmeras bem posicionadas onde pode captar por vários ângulos as cenas podendo assim dar um ar cinematográfico na edição sem deixar de passar para o espectador que se trata de uma peça.
O desing de produção também se encarrega disso mostrando um apartamento quase ficcional de tão perfeito e vivo junto a uma iluminação perfeita ora com 'luz natural' ora a luz do apartamento.
Outro ponto forte é a montagem de Yorgos Lamprinos que nos joga diretamente dentro da mente confusa de um senhor de 81 anos com demência.
Demoramos para entender e se acostumar com o vai e vem da trama. E esse desconforto é proposital.
Mas nada disso funcionaria não fosse pela atuação de Anthony Hopkins um texto bem escrito precisa de um ator para executa-lo e Hopkins faz isso de maneira magistral. Seu olhar perdido, maneirismos e pequenos 'tiques' dão vida e força ao personagem. O filme gira em torno dele 100% do tempo e não é à toa. Nada do que sai do ator é gratuito. Será uma grande injustiça ele não ganhar um Oscar, fora que essa é, sem sombra de duvida o melhor trabalho da sua carreira.
O resto do elenco esta muito bem cada um com sua participação e importância para o andamento da trama. Mas o destaque vai para Olivia Colman, que está bem também mas como tudo no filme gira em torno do protagonista ela fica um tanto quanto limitada.
THE FATHER, é filme bom feito por gente competente, diretor seguro, historia boa e bem contada, design de produção, montagem e edição perfeitas que causam imersão e envolvimento do espectador. Elenco afiado e um ator principal que dispensa comentários.
NOTA: 9




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