PERDI MEU CORPO, Jérémy Clapin, 2019.
Após um acidente, a mão do jovem Naoufel, cria consciência dentro do necrotério e parte em uma jornada para encontrar seu corpo.
Esse é o primeiro longa do diretor Jérémy Clapin e ele mostra uma sensibilidade impar. Discorrer sobre algo tão bizarro poderia ser um desastre nas mãos de outro diretor e aqui ele mal chega perto do mau gosto ou de alguma piada fácil de humor negro. Não. Temos aqui um filme sério que discute coisas sérias.
As frustrações dos jovens de hoje, culpa, depressão, imigração, preconceito e amores possíveis e impossíveis.
O filme foi escrito pelo diretor e por outro roteirista o talentosíssimo Guillaume Laurant escritor de O FABULOSO DESTINO DE AMÉLIE POULAIN que por sua vez se baseou em seu romance "HAPPY HAND".
O maior trunfo do roteiro é deixar de pano de fundo os personagens e focar nas mãos. Sim você entendeu bem esse filme não é sobre uma mão correndo de lá pra cá mas sim um filme sobre 'mãos'. A mão que abre portas, que faz contas, que toca piano, que é ágil em uma biblioteca, que manuseia madeira para carpintaria e, até mesmo, a que treina para pegar uma simples mosca.
Os dedos que se entrelaçam num momento de amor ou se soltam pela dor da perda e o destino.
Mesmo tendo um tema macabro, PERDI MEU CORPO tem sensibilidade e um tom melancólico que prende e te carrega pela mão (desculpe, precisava fazer esse trocadilho) para observar o mundo de um ponto de vista peculiar. NOTA 8
INTERROMPEMOS NOSSA PROGRMAÇÃO, 2021, JAKUB PIATEK NETFLIX No Reveillon entre 1999 e 2000 um homem entra armado em uma estação de TV e faz reféns, Sua intenção? Ler uma carta, ao vivo, na virada do ano. Um filme que fez um certo burburinho no festival Sundance e que promete mais do que entrega. Dirigido por Jakub Piatek, o filme faz óbvias referências aos filmes de Sidney Lumet mais especificamente REDE DE INTRIGAS de 1976 e UM DIA DE CÃO, de 1975, mas fica apenas na referência já que não avança e, em vários momentos, empaca. O máximo que consegue é ser um versão abaixo do já mediano JOGO DO DINHEIRO de 2016. Interpretrações maquineístas e operacionais, em um filme com uma historia de bom potencial mas pouco aproveitada. NOTA: 5.5
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