O IRLANDÊS, 2019.
Chegando no final de sua longa vida Frank Sheeran, um ex combatente da segunda guerra, conta os seus anos de que trabalhou 'pintando casas' para a mafia. "Pintar casas" é um apelido fofo para 'serviços sujos'. Sheeran é muito bom no que se dispõe à fazer e se torna importante no meio. Seu auge chega quando se torna amigo pessoal do icônico Jimmy Hoffa, líder sindical e importante figura politica, que foi dado como desaparecido na década de setenta. E é sobre isso que o diretor Martin Scorsese fala.
Mas o resultado não fica somente nisso.
scorsese é, de sobra, o melhor contador de histórias de sua geração. Steven Spielberg e George Lucas são essencialmente maquineístas. Em qualquer filme dos dois você sabe muito bem quem é bom e mau, feio ou bonito etc. Scorsese já é outro tipo de diretor e você nunca sabe o que ele realmente quer mostrar.
Ele não tem pressa nenhuma de contar essa historia baseada no livro de Charles Brandt. São três horas e meia de filme e bota filme nisso! Ele constrói a relação do trio Frank Sheeran (De Niro), Russell Bufalino (Joe Pesci) e Jimmy Hoffa (Al Pacino) como quem constrói uma fortaleza medieval, tijolo à tijolo. Você fica intimo da relação dos 3 e conforme o filme avança não precisamos de muito pra entender o que vem a seguir cada palavra dita em algum dialogo tem peso e consequência e uma conversa simples sobre algo bobo pode ser a coisa mais tensa do mundo! Scorsese é um gênio ponto final. Mas não espere o Scorsese estilizado que todos estão acostumados. Aqui ele é frio e calculista mostra isso nas cores que usa para compor, ritmo e ate mesmo na maneira de filmar mortes por exemplo é tudo muito cru. O filme tem motivo pra ser tão comprido e pra quem curte um bom filme não vai se queixar disso. O único pecado do filme foi a unidimensionalidade das personagens femininas principalmente a filha de Frank. Já o trio, Pacino, Pesci e De Niro estão se acotovelando por OSCAR's durante o filme todo. A trilha sonora acompanha a vibe atual, mais minimalista, do diretor e se torna um show à parte lembrando ao longe outro gênio: Ennio Morricone. Como disse no inicio O IRLANDES mira em um alvo mas acerta em dois. Na primeira camada do filmes temos uma historia de mafia, escolhas ao longo da vida e sobre o que é envelhecer.
Já na segunda camada para os fãs do diretor e seus filmes temos Pesci, De Niro e Scorsese que ja trabalharam em outro filme parecido OS BONS COMPANHEIROS agora mais velhos, se divertindo de novo em um filme mais maduro, que diz muito sobre os três atualmente. O IRLANDÊS é um ótimo filme com um ótimo elenco que fala sobre escolhas, relações e lealdade. Nota: 8.5
INTERROMPEMOS NOSSA PROGRMAÇÃO, 2021, JAKUB PIATEK NETFLIX No Reveillon entre 1999 e 2000 um homem entra armado em uma estação de TV e faz reféns, Sua intenção? Ler uma carta, ao vivo, na virada do ano. Um filme que fez um certo burburinho no festival Sundance e que promete mais do que entrega. Dirigido por Jakub Piatek, o filme faz óbvias referências aos filmes de Sidney Lumet mais especificamente REDE DE INTRIGAS de 1976 e UM DIA DE CÃO, de 1975, mas fica apenas na referência já que não avança e, em vários momentos, empaca. O máximo que consegue é ser um versão abaixo do já mediano JOGO DO DINHEIRO de 2016. Interpretrações maquineístas e operacionais, em um filme com uma historia de bom potencial mas pouco aproveitada. NOTA: 5.5
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